quarta-feira, maio 09, 2012

Porque eu amo os EUA - parte 2



Foi um dia qualquer,no meio da semana,quando tive que dar uma paradinha no supermercado pra comprar algumas coisinhas que eu provavelmente tinha esquecido de comprar durante as compras de final de semana. Sei que precisavamos urgentemente de leite ou papel higiênico.Ou dos dois.Não lembro. Mas lembro que apressada e confusa, procurava,(com e' bem normal,note-se de passagen)o local onde tinha estacionado o meu carro.  Sim, pelo menos uma vez por semana o meu cerebro tem um "fail" e o local onde estacionei o carro apenas alguns minutos antes, some no buraco negro dos meus pensamentos. Pois bem,finalmente encontrei o meu velho(16 anos) Toyota. Estava esperando o carro que estava estacionado ao lado do meu, dar re',saindo da vaga do estacionamento,quando escutei a batida. Aparentemente,tinha um carro dando re',simultâniamente com esse, na vaga em frente a essa.Os dois carros se chocaram de re'. Fiquei nervosa.Com todo esses papo que a gente escuta de pessoas carregando armas e atirando em motoristas desatentos, fiquei paralizada. Me preparei mentalmente  pra briga que certamente viria pois os dois carros pareciam ser novos, apesar do estrago ter sido pouquissimo- um amassadinho em cada para-choque traseiro. Os dois carros,percebendo a batida voltaram para a vaga onde estavam.A motorista do carro ao lado do meu,uma mulher de meia idade, de aparencia comum,saiu do carro.O motorista do outro carro,um homen,tambem de meia idade saiu. Depois de examinarem seus carros,os dois se encontraram no meio do estacionamento.Eu pensei:" e' agora" e ja estava com o celular na mão,pronta pra ligar pra policia. Pra  minha surpresa, os dois se apresentaram casualmente como se ao inves do meio do estacionamento, estivessem no meio de uma reunião informal entre colegas. Ele falou: "eu não vejo nenhum estrago serio no meu carro e você ?"  "eu tambem,não",ela respondeu."você quer ligar pra policia,pra registrar a ocorrência ?" Ele perguntou. "Não,não creio que seja necessario.Não foi nada". Ela falou."Ok,então,tenha um bom dia." " O senhor tambem". E cada um se foi, cada um pra um lado,pegaram seus carros e com cuidado deixaram o estacionamento. E eu fiquei ali,ainda meia abobada,pensando no que eu tinha acabado de testemunhar.

segunda-feira, maio 07, 2012

Porque eu amo os EUA - parte 1


Nas ultimas duas semanas eu fui testemunha de dois acontecimentos na minha comunidade que,pra mim, demostram o espirito da cultura americana.Excessões sempre acontecem,claro,mas achei que esses dois episodios de vida,são um reflexo do pensamento americano em geral.

O primeiro foi durante um programa na escola da minha filha. A escola,que e' publica,organisa um evento onde as crianças participam de uma demonstração de talentos.Não e' uma competição,apenas uma demonstração de um talento especial.Pode ser cantar,dançar,tocar um instrumento,qualquer coisa.O auditorio da escola, que e' espaçoso,lindo e super equipado, sempre enche com pais,parentes e amigos das criançam que variam entre 11 a 14 anos de idade. Nesse dia,a minha filha participou tocando piano(que o fez lindamente apesar do nervoso).Mas não foi ela, nem a menina que cantou Adele("someone like you",claro) com perfeição e talento extraordinario, a pessoa que mais chamou a minha atenção. Na verdade foi o menino que fez a pior apresentação da noite e a reação do publico 'a apresentação dele, que me deixou emocionada e me marcou pra sempre.
Ja' estava quase no final do evento e depois de apresentações diversas,que variavam entre cantores, dançarinas, compositores, demonstrações de Karatê,cheerleaders etc.. eu e meu esposo esperavamos,(confesso que um tanto entediados) o proximo talento a ser apresentado.Entra no palco um menino que julgo ter uns 12 anos.Ele era a imagem de um nerd perfeito: alto,magro, calça pescando, tenis,tipo chuteira preto,cabelo mal cortado e cafona. So' faltava os oculos de lente grossas e as canetas no bolso da camisa. Pensei ate' que a aparencia dele fosse parte da performance.Eu e meu esposo nos olhamos de repente, engolindo o riso que tentava escapar dos nossos labios. Mas durante os interminaveis segundos em que ele deu seus pacinhos no palco ao som de uma musica qualquer,antiga e nada na moda,me dei conta(como acho,toda a audiencia) que ele não era normal.Enquanto o menino se concentrava nos passos repetitivos,que,não posso nem chamar de dança, uma luz acendeu no meu cerebro: "esse menino parece ser autistico ou sofre de algum mal mental."Naquele instante me deu medo.Me coloquei no lugar dos pais.Sofri com eles a vergonha que certamente viria no final do ato.Tambem pensei no menino.O esforço e suor que deve ter lhe custado por dias,quem sabe semanas,ensaiando os pacinhos ridiculos. E então no lugar da vergonha,senti um amor incrivel e uma compaixão imensa por aquele menino.Tambem senti admiração pelos pais dele.Por ter criado um filho com coragem pra enfrentar os desfios da vida.
 Tambem fiquei preocupada com a reação da audiencia no final da dança. Como sera que reageriam ?
Eu comecei a pedir a Deus, que por favor protegesse esse menino de bulies e pessoas intolerantes. Meus olhos se encheram de lagrimas esperando o final do ato. "Meu Deus.. por favor..." E terminou. O menino parou com a musica e  meio sem graça,olhou pra audiencia,que...o aplaudiu de pe' ! A partir dai,chorei abertamente e vi nos rostos das pessoas ao meu redor, a mesma reação. LINDO ! Nunca me senti mais orgulhosa de fazer parte dessa nação. E pensei, e mais uma vez desejei do fundo do meu coração: God bless America !