domingo, março 29, 2009

Muffins

Nada como um muffin pelando de quente, acabado de sair do forno....
Tradicional e tipico americano, o bolo muffin, (na verdade a massa e' um pouco mais consistente que a do bolo ) e' saboreado por milhoes de pessoas pela manha, acompanhado de uma xicara de cafe.

Aqui esta a receita basica do muffin. Voce pode adicionar o que quiser a essa massa.
O segredo da massa do muffin e' mexe-la bem delicadamente. Se mexer demais a massa fica muito dura. Esta receita rende 12 muffins.


Ingredientes:



- 1 e 3/4 xicara (de cha) de farinha de trigo

- 1/4 xicara (cha) de acucar

- 2 1/2 colheres (cha) de fermento
- uma pitada de sal

- 1 ovo
- 3/4 xicara (cha) de leite

- 1/3 xicara (cha) de oleo ( canola, girassol ou milho) ou manteiga derretida



Modo de Preparo:



Em uma tigela grande misture os ingredientes secos delicadamente. Faca uma uma abertura no meio da tigela e adicione os ingredientes liquidos. Misture devagar ate formar a massa. Adicione a fruta de sua preferencia (veja abaixo). Coloque a massa em formas de muffin untadas com manteiga ou forminhas de papel, enchendo apenas 2/3 da forma. Asse em forno alto por 25 minutos.



Sugestoes de adicoes para a massa do Muffin (mais populares aqui)


1 xicara (cha) de.... escolha:



-morangos frescos cortados em pedacos grandes

- blueberries
-banana amassada e nozes

-pedacos de chocolate

- coco e abacaxi (escorra o caldo)

- cramberries e 1/2 xicara (cha) de suco de laranja e 1 colher (cha) de casca de laranja ralada.


Se quiser, polvilhe os muffins com acucar cristal. Muffins nao tem glace (muita gente confunde muffins com cupcakes), com excessao do muffin de cenoura. Veja abaixo:

Muffin de cenoura e passas:
-Uma massa de Muffin
- 1 xicara (cha) de : cenoura crua ralada, passas e nozes (opcional) .


-Depois de pronto faca um glace de cream chese e acucar (quantidade de cream cheese e acucar a gosto) e coloque por cima do muffin depois de frio.

No mais, use a sua imaginacao ou use a sua fruta favorita !








Enjoy !

quarta-feira, março 25, 2009

Roupas, Bagulhos e Garage Sales

Tava pensando aqui com os meus botoes... primavera, renovacao, recomeco... e a minha casa ta cheia de bagulho. Ai, da ate tristeza. Coisas que nao uso, mas que por algum motivo, seja ele emocional ou preguical mesmo, ainda estao a ocupar o pouco espaco da casa. Mas ja foi pior. Pelo menos nao tenho que lidar com o guarda-roupas.

Ao contrario de muita gente que conheco, o guarda-roupas, pra mim e' facil de manter arrumado. Acostumei a mante-lo em dia. Se nao uso uma peca de roupas por mais de seis meses, vira doacao. Eu penso assim : "Se nao usei ate agora nao vou usar mais." E tambem, ca entre nos, tenho a desculpa de comprar roupa nova, he, he. Mas nao foi sempre assim. Antigamente eu tinha o closet abarrotado de roupas dos mais variados tipos e tamanhos. E' que o meu peso oscilava tanto que nao tinha a minima ideia que tamanho estaria usando na proxima estacao. Tambem comprava roupas so por etarem com preco baixo e serem de marca boa. Um dia me deu a louca e dei um basta. Mantive so as roupas que me cabiam naquele momento e que realmente gostava. O resto doei. Desde entao frequentemente dou a limpa nas minhas roupas.

Costumo "limpar" o guarda-roupas pelo menos duas vezes por ano: no Outono e na Primavera. Tambem quando compro muitas roupas de uma so vez (por estarem em liquidacao), avalio novamente as roupas que tenho no guarda-roupas e geralmente encontro itens para serem doados. Estou sempre reciclando as minhas roupas.

Nao sei como e' em outros lugares, mas aqui na minha cidade e' muito facil doar roupas e sapatos usados. E' so juntar as pecas que nao quiser, colocar em um saco e jogar na janelinha de um dos postos de coleta que temos em quase a cada esquina da cidade. Sinto-me bem, sabendo que alguem vai fazer uso daquilo que nao me serve mais. Em cidades em que este servico nao esta a disposicao, organizam-se grupos de coleta de roupas . Elas sao entao doadas para instituicoes de caridade. Certos grupos fazem campanhas tambem.Os escoteiros, por exemplo estao fazendo tal campanha. Penduraram sacolas de plastico nas macanetas da porta de cada residencia do meu bairro. Cada sacola tem instrucoes para que sejam colocadas roupas usadas. Neste sabado farao a coleta.

Aqui tambem esta comecando a moda das festinhas do troca- troca. Funciona assim: voce convida um monte de amigas (quanto mais melhor) para se reunirem na sua casa. Cada uma tras varias pecas de roupa, sapatos acessorios, etc.. que nao quer mais. E cada uma traz tambem algo de comer: sanduiches, biscoitos, bolos etc.. Ai e' so comecar o troca-troca, bater um papo e comer um lanchinho. Todas voltam pra casa felizes e com algo novo (ou semi-novo).



Como ja falei, nao tenho pena de doar roupas. Meu problema (e perdicao ) e' o meu vicio nas "Garage Sales". Explico: comecando na primavera e durando ate o final do verao, o povo aqui tem o costume de, durante um sabado ou fim de semana, juntar as tralhas que nao querem mais - de moveis a roupas, de pratos, a brinquedos e quinquilharias em geral - e vender na sua garagem (dai o nome). Quem nao tem garagem (ou a bagulhada toda nao cabe la), usa o quintal da frente da casa (Yard Sale). Se voce estiver fazendo a Garage Sale, e' uma boa. Da pra se fazer um bom dinheirinho (minha cunhada faturou mais de 300 dolares ano passado). Mas se voce e' o fregues...ai, prepara o bolso. Pois e', eu sempre sou a freguesa. Tudo comeca com um inocente passeio pela vizinhanca, numa bela manha de primavera. Ou posso estar a caminho do supermercado. O fato e' que ao deparar com o cartaz " Garage Sale", nao resisto. E' naquela direcao mesmo que vou. Acho que o que me atrai e' a possibilidade de achar um tesouro no meio dos descartados de alguem. A gente SEMPRE escuta historias de alguem que comprou um quadro ou um vaso de flores ou uma pulseirinha, por uma ninharia, porque achou bonitinho e vai descobrir depois que vale milhoes de dolares...E essa, meus caros leitores, e' a razao da minha casa estar cheia de quinquilharias. Mas justica seja feita. Da pra se achar muita coisa boa, as vezes nunca usadas, em Garage Sales. Eu, como ja sou fera nisso, procuro nos classificados do jornal as melhores Garage Sales e saio cedinho pra procurar os meu tesouros ( muitos dos quais estao a pegar poeira aqui em casa).

Mas... para este ano, tenho um plano: Quem fara o Yard Sale (adivinha porque e' Yard e nao Garage sale ), sou eu. Ja estou juntando os meus bagu..er, tesouros. Calculo que la pro meados do mes de Maio, terei terminado de separar os itens a serem vendidos. Ai e' so pegar o que faturar e.... gastar tudo em uma Garage Sale.

domingo, março 22, 2009

A Palavra

A palavra e' o maior poder que possuimos.
Com ela podemos alegrar, humilhar, envaidecer, amar e odiar ... podemos construir e destruir... fazer nascer e matar. A palavra e' tudo.
Nenhum animal e' capaz, nao so de falar, mas de usar a palavra escrita. A palavra e' um presente de Deus. Alias, Deus e' a palavra como diz na biblia ( Joao 1:1 e2). E' tambem a nossa essencia como ser humano.

Quando vim para os EUA, nao sabia falar ingles. Nadinha ( a nao ser hi ,bye, yes e no). No colegio de ensino medio ( segundo grau, no meu tempo) que frequentava, eu tinha aulas de frances. Sai de la faltando apenas um ano para terminar o curso de tecnico em enfermagem. Foi quando soube que tinha recebido o "Green Card". Nao fiquei nada feliz. Os cinco anos de espera foram tao longos para a minha cabeca de adolescente que achava que simplesmente nao sairia do Brasil nunca. Por isso nunca me dei ao trabalho de aprender ingles. Ja estava noiva (contra a vontade dos meus pais), tinha meus amigos...estava feliz, na medida do possivel. Quando vim para os EUA, foi um choque. A inabilidade de expressar seus pensamentos e' o equivalente a uma prisao. Apesar de ser divertido no inicio (todos falando e eu nao tendo a minima ideia do assunto da conversa). Depois, fica chato. Fazer gestos para tentar ser entendido cansa. E ai fica monotono. A pessoa, sem poder se expressar torna-se invisivel. Eu queria desesperadamente voltar para o Brasil onde todos me entendiam e onde era feliz. Sai da escola, onde nao consegui me enturmar ( o fato de estar gravida nao ajudou).Vivia em casa, me sentindo miseravel e deprimida. Tudo era confuso. Perdi a minha identidade, meu senso de EU.
O tempo passou e me acomodei. Entre voltar ao Brasil e ficar nos EUA, nao decidi nada. Alguns meses depois consegui um emprego em uma escola de idiomas como professora de Portugues. Era divertido ensinar executivos americanos a falar Portugues. Era gratificante ver outra pessoa se identificando com os meus problemas de comunicacao. No metodo da escola Berlitz, professores e alunos sao proibidos de falar qualquer idioma diferente do que o idioma que esta sendo ensinado. Para mim, nao havia necessidade nenhuma para que falasse ingles, mas com o tempo isso passou a me incomodar. E se resolvesse ficar ? Como poderia viver em um pais sem falar seu idioma ? Sim sei que muitas pessoas o fazem.E se qualquer um quiser passar a vida inteira nos EUA sem falar uma palavra de ingles, pode faze-lo tranquilamente porque ha tradutores pagos pelo governo (na verdade pelos cidadaos, pagadores de impostos) que fazem o trabalho sem qualquer custo para o estrangeiro. Mas ai decidi ficar. Apaixonei-me pelas pessoas, tao simpaticas e prestativas que me ajudavam, me aceitavam, independentemente de me conhecer. Quando decidi ficar aqui, decidi tambem que eu teria tambem a obrigacao de falar o idioma da minha nova patria. Acho que quando alguem nao fala o idioma do pais em que mora, nao e' tratado como um cidadao daquele pais (e' claro. Qual cidadao nao sabe falar seu propio idioma ?) Se eu fosse morar e criar meus filhos nesse pais, eu nao gostaria de ser tratada como uma estrangeira. Queria ser tratada como uma pessoa comum: nem melhor, nem pior. Tambem bateu um pouco de orgulho: queria ser completamente independente de qualquer ajuda do governo ou de amigos, por melhor intencionados que fossem.
Quando tomei a decisao de aprender a falar ingles, procurei a melhor maneira de aprender o idioma. Neste ponto da minha vida, ja tinha um filho recem-nascido e um trabalho. Nao tinha tempo para frequentar a escola (cursos de ingles sao oferecidos de graca aqui). Entao descobri que programas de TV seriam a solucao. Sesame Street (Vila Sesamo), foi otimo ! Aprendi o basico como o alfabeto, numeros e palavras do dia-a-dia neste programa. Comecei a completar livrinhos escolares de nivel basico. Com um dicionario ingles/portugues ao meu lado,tentava ler revistas de moda e romances.
Um dia, no centro da cidade caminhando para o ponto de onibus depois de um dia de trabalho, uma senhora me parou na calcada. Ela estava procurando um endereco e me perguntou se sabia onde ficava a rua. Imediatamente lhe respondi, dando instrucoes de como chegar ao endereco. Ela agradeceu e se foi. Por alguns segundos, fiquei ali, paralisada: O que aconteceu ? Eu realmente escutei e respondi em ingles ? A mulher me entendeu ? Nao podia acreditar...EU ESTAVA FALANDO INGLES !!! Que alegria !
Descobri que nao da pra traduzir o idioma na cabeca. Para falar ingles e necessario pensar em ingles. Isso acontece naturalmente. O nosso cerebro e' uma maquina extraordinaria...
Alguns anos depois fiz uma prova para entrar na faculdade( o equivalente ao vestibular) e passei. La dentro me apaixonei pela palavra escrita. Peguei quase todos as aulas de ingles disponiveis : de literatura a poesia e -licenca pra me gabar- passei em todas com A+.

E claro, sou consciente do meu sotaque brasileiro. Mas acho (e me falam) que isso e' um beneficio. Alem de charmoso (he, he) e causar curiosidade das pessoas que me escutam falar(de onde voce e' ? me perguntam sempre), e' tambem prova da minha dupla nacionalidade.
Tambem acredito ser uma demonstracao da minha capacidade de adaptacao, da habilidade da minha mente de transmitir o que penso de uma maneira diferente. E' o resultado da vontade de ser livre, porque saber expressar-se e' liberdade. E' tambem a habilidade de demonstrar atraves de palavras, a pessoa que sou.

segunda-feira, março 09, 2009

Happy Birthday Barbie !














Hoje a Barbie faz 50 anos. Parabens Barbie! A boneca que revolucionou a industria de brinquedos !
 A Mattel, a fabricante da Barbie (cujo o nome foi dado em homenagem a filha da criadora da boneca), anunciou que a cada tres segundos, uma Barbie e' vendida em algum lugar no mundo.

Sim, existem mil criticas sobre a boneca. Entre tantas criticas a maior e' que seus atributos de beleza são impossiveis de serem alcancados na vida real. Sobre isso,digo: E' uma boneca. E' fantasia. Não e' real.Toda criança precisa da orientação de um adulto em qualquer circunstãncia e a criança tendo orientação apropriada sabera que não deve existir comparações entre o real e o imaginado.
Gosto DEMAIS da Barbie. Quando era criança, minha familia era muuuiiito pobre. A unica boneca( bom, na verdade era um boneco), que meus pais podiam comprar para mim e minha irmã era o Para- Pedro. O boneco era comprado na feira. Era todo feito de plastico, não tinha cabelo nem roupas, apenas uma chupeta e fralda. Seus braços eram estendidos para cima com as palmas das mãos viradas pra frente(dai o nome Para-Pedro). Quando a meninada da rua se juntava com suas bonecas lindas, loiras com seus vestidinhos rodados, tava eu e minha irmã la, com nossos Para-Pedros rsrs. Fazer o que, ne ?Gostava dele, do cheirinho de plastico...

Mais tarde, bem mais tarde, quando ja nao brincava mais com bonecas ( e por motivos ate hoje misteriosos) eu e minha irmã ganhamos de natal a boneca "Meiguinha". Linda. Mas nao brincava com ela. Veio tarde demais. Usava so de enfeite de quarto.

Fico a pensar o que aconteceu com a Meiguinha...

Tambem tinha bonecas de papel, que na maioria das vezes eram feitas por mim mesma. Mas lembro uma vez, quando minha mãe me surpreendeu com uma boneca de papel que comprou na banca de jornais (carissima para nos), eu levava horas a brincar com ela.

A Barbie, a boneca que nunca tive na infancia, (agora tenho duas) , e' a boneca que sempre sonhei ter. Alguns anos depois de chegarmos nos EUA, meu marido me deu uma Barbie.Meus filhos eram pequenos e num gesto extremamente romântico e carinhoso, meu esposo me surpreendeu no meu aniversario com uma            " Birthday Barbie", a boneca de aniversario. Chorei de emoção. Não tinha a minha filha ainda, so os meninos. Naquele tempo, na minha casa os brinquedos consistiam em carrinhos, carrinhos e mais carrinhos. Nem uma boneca a vista. Apesar das minhas inumeras tentativas de convencer o marido e os meninos que ter uma boneca em casa seria bom para a educação dos meninos-afinal,eles seriam pais um dia,certo ? (Ha !), não colou. Mas essa Barbie, MINHA Barbie, foi a gloria !




No natal do ano 2000 ganhei outra Barbie, porque planejava colecionar. Mas depois achei que ia ficar muito caro e, alem do mais, para ser colecionador tem que se manter o brinquedo na caixa, no estado em que veio da loja. E eu nunca faria isso. Brinquedo e pra' se brincar, mesmo que a "criança" seja uma marmanja de trinta e poucos anos.

Agora a minha filha tem dezenas de Barbies (e alguns Kens, o namorado da Barbie). Acessorios como casa, carro, roupas, sapatos e ate cavalos alados tomam conta de grande parte dos brinquedos dela. Tem a Barbie de todo dia (Barbie comadre,ha, ha), a Barbie de festa,Barbie princesa, noiva, Barbie de profissões diversas etc.. e um Ken para acompanha-la em cada uma de suas verções.


 









Fico feliz de poder dar a minha filha o tipo de infância que nunca tive.
A minha fascinação pela boneca e tudo relacionado a ela, continua forte. Os filmes da Barbie ainda hoje, se encontram entre os meus favoritos, e a cada seis meses, quando o novo filme estreia, sou eu e não a minha filha, quem busca ansiosa o DVD. E as vezes (quando gosto muito do filme) compro tambem a boneca que o acompanha. Golpe de marketing ? Não pra mim, porque o faço conciente. Essas coisas me trazem alegria e alegria e' sempre bem-vinda.

Tambem nao esqueço das meninas que, como eu, nunca tiveram o prazer de ter uma Barbie. Todo natal compro varias e as mando para meninas carentes em diversas partes do mundo, atraves de um grupo de caridade.

Talvez essa fascinação que tenho por Barbies, represente a minha infancia pobre. Os meus sonhos não realizados, porem, nunca esquecidos.
Mas a minha esperança, que mora neste meu coração de criança e' mantida viva atraves dos olhos da minha filha.

sábado, março 07, 2009

Chuvas e temporais

Eu sou uma otima pessoa para se ter por perto em momentos de crise. Se alguem esta em uma situacao que exige acao imediata, algum tipo de emergencia, eu sou a pessoa certa para ligar .

Confirmei, mais uma vez esse meu talento esta semana.

Desta vez foi o marido com calculo renal. Acordou-me cedinho com seus gritos de dor. Ja sabiamos o que era, isso ja aconteceu antes. Imediatamente, entrei no meu sistema automatico. Em casos como este, nao perco tempo com desespero. Tenho que agir.

Contra a sua vontade, peguei o carro e dirigi ao hospital acompanhada de dois sacos plasticos: um para ele caso houvesse vomito e outro com todos os seus remedios, para entregar aos medicos. Seus gritos de dor eram o unico som naquela breve viagem. Nao me incomodou. Agi com frieza de raciocinio. Dirigi rapidamente, mas sem passar do limite de velocidade. Nao queria que um policial me parasse. Mesmo sabendo que nao receberia multa num caso como esses, gastaria mais tempo com as explicacoes, quando meu objetivo e' ter o paciente atendido por um especialista o mais rapido possivel. Poderia ter chamado uma ambulancia, nao custaria nada e seria cuidado por profissionais. Mas, como moramos a apenas tres minutos do hospital, e por ser cedo ainda, ruas sem trafigo, resolvi leva-lo eu mesma. Deixei em casa a Andrea, que estava muito gripada, com um febrao, acompanhada de minha mae (que telefonei ao mesmo tempo em que me vestia). Estava em boas maos. Dirigindo e observando o paciente (sim para mim era um paciente, nao o marido), confirmei o diagnostico. Sem febre. Nausea (com certeza devido ao analgesico fortissimo que ingeriu alguns minutos antes) e muita dor nas costas e virilha. Sim, apesar da dor, nao parecia ser nada grave, mas como o paciente e' um ex cardiaco, e' bom nao arriscar.

Tres minuto depois, no hospital, o seguranca nos encontra na porta, ajuda o paciente a sair do carro e o coloca em uma cadeira de rodas, onde uma assistente o leva para a recepcao. Estaciono meu carro e o encontro la dentro, ainda gritando de dor. Respondo perguntas, assino documentos dou detalhada informacao sobre o estado de saude do paciente. Entrego o saco de remedios. Seus pontos vitais sao checados, o soro colocado e a morfina injetada. O diagnostico e' dado e confirmado com CAT scan ( Computerized Axial Tomography.Uma maquina enorme, tipo um tunel onde se examina todo o corpo do paciente atraves de micro ondas de raios X e computador) . Deixo o celular do marido ao seu lado e saio do hospital (nao ha nada mais a fazer la e minha mae precisa ir trabalhar), e volto para casa onde minha outra paciente me espera. Momentos depois recebo um outro paciente. Este, com o diagnostico de sindrome de panico. Coloco um paciente a cuidar do outro(os dois se distraem), enquanto continuo meus afazeres domesticos e ligando para o marido para verificar seu progresso. Passo e-mails e faco ligacoes pedindo oracoes. Oro um pouco, canto um pouco de louvor, e agradeco muito a Deus: por nao ser nada grave, por me dar forcas e discernimento, por termos um emprego que nos da seguro de saude e por morar nos EUA (isso agradeco muuuiiiittto, todos os dias) E assim passo o dia.
Nossa familia esta passando por uma fase de chuvas e temporais. Doencas, brigas, situacoes dificeis -fisica e emocionalmente. A chuva ta caindo forte e nos estamos encharcados. No meio da tempestade e' dificil lembrar do sol. Quando o trovao te assusta e as vezes somos ate chamuscados pelos raios, nao e' facil lembrar que existem dias sem chuva, dias quando o ceu e' azul e uma brisa fresca te acaricia o rosto. Os dias de chuva parecem infinitos...

E' facil esquecer que o mesmo Deus que fez os dias de sol, fez tambem os dias de chuva.Os dois foram feitos para o meu bem. Para o meu crescimento.
Quando estou a ceu aberto, no meio de uma tempestade, preciso encontrar refugio. Deus. Apesar de estar bem perto de mim, a chuva forte as vezes, nao me o deixa ver. E ai que Ele me da um guarda-chuva: familia e amigos queridos me mantem menos molhada. Me ajudam a achar o caminho.
Percebo agora que a chuva e' necessaria. As plantinhas precisam brotar. Nada novo nasce ou cresce sem agua. E' isso que me mantem em pe. Me da esperancas. Me faz acreditar nos dias de sol.


Posso ate carregar cicatrizes de queimaduras causadas pelos raios. Mas estou no meu refugio, cercada de guarda-chuvas. E olha, acho que vejo o sol.