Confirmei, mais uma vez esse meu talento esta semana.
Desta vez foi o marido com calculo renal. Acordou-me cedinho com seus gritos de dor. Ja sabiamos o que era, isso ja aconteceu antes. Imediatamente, entrei no meu sistema automatico. Em casos como este, nao perco tempo com desespero. Tenho que agir.
Contra a sua vontade, peguei o carro e dirigi ao hospital acompanhada de dois sacos plasticos: um para ele caso houvesse vomito e outro com todos os seus remedios, para entregar aos medicos. Seus gritos de dor eram o unico som naquela breve viagem. Nao me incomodou. Agi com frieza de raciocinio. Dirigi rapidamente, mas sem passar do limite de velocidade. Nao queria que um policial me parasse. Mesmo sabendo que nao receberia multa num caso como esses, gastaria mais tempo com as explicacoes, quando meu objetivo e' ter o paciente atendido por um especialista o mais rapido possivel. Poderia ter chamado uma ambulancia, nao custaria nada e seria cuidado por profissionais. Mas, como moramos a apenas tres minutos do hospital, e por ser cedo ainda, ruas sem trafigo, resolvi leva-lo eu mesma. Deixei em casa a Andrea, que estava muito gripada, com um febrao, acompanhada de minha mae (que telefonei ao mesmo tempo em que me vestia). Estava em boas maos. Dirigindo e observando o paciente (sim para mim era um paciente, nao o marido), confirmei o diagnostico. Sem febre. Nausea (com certeza devido ao analgesico fortissimo que ingeriu alguns minutos antes) e muita dor nas costas e virilha. Sim, apesar da dor, nao parecia ser nada grave, mas como o paciente e' um ex cardiaco, e' bom nao arriscar.
E' facil esquecer que o mesmo Deus que fez os dias de sol, fez tambem os dias de chuva.Os dois foram feitos para o meu bem. Para o meu crescimento.
Percebo agora que a chuva e' necessaria. As plantinhas precisam brotar. Nada novo nasce ou cresce sem agua. E' isso que me mantem em pe. Me da esperancas. Me faz acreditar nos dias de sol.
Posso ate carregar cicatrizes de queimaduras causadas pelos raios. Mas estou no meu refugio, cercada de guarda-chuvas. E olha, acho que vejo o sol.
Um comentário:
Claudinha! Que lindo! E, para você, alguns versos de Renato Russo:
" Mas é claro que o Sol,
vai voltar amanhã,
eu sei!... "
Muita força e muitos beijos
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